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HISTÓRIA

- Primeiro relato documentado -

 

O primeiro relato documentado de envenenamento paralisante por marisco surgiu em 1798, uma doença desencadeada por mexilhões tóxicos ingeridos pelos tripulantes de um navio, que explorava a Costa Canadiana de British Columbia. Uma descrição dos factos foi preservada por Henrich Johan Hoemberg:[4]

 

"Quando nos encontravamos em Pogibshii proliv (Peril Strait), comemos mexilhões (Mytilis) devido à escassez de peixe fresco. Devemos ter sido envenenados pois, horas mais tarde, metade dos meus homens haviam morrido. Mesmo estando perto da morte, lembrei-me do conselho do meu pai e vomitei,  recuperando a minha saúde" [4]

 

 

 

- 1927, o possível primeiro caso  - 

 

Em 1927, na Califórnia, foram registados por Sommer e pelos seus colaboradores intoxicações em humanos despoletadas pela ingestão de moluscos bivalves vindos da água do mar que continha a microalga Alexandrium catenella. Trata-se de uma alga dinoflagelada, capaz de produzir a saxitoxina.[6]

Constatou-se que, quando as pessoas consumiam mexilhões rodeados por algas dinoflageladas, sentiam naúseas e, inclusivé, algumas delas chegavam mesmo a falecer. Nesta época suspeitou-se e comprovou-se que esta sintomatologia e as intoxicações eram consequência da ingestão de mexilhões que se haviam alimentado de algas dinoflageladas.[6]

 

- Casos confirmados de envenenamento por toxinas paralisantes (PSP) -

 

A partir de 1976, ocorreram os primeiros casos (63) comprovados de intoxicação por consumo de mexilhões contaminados por toxinas paralisantes,  provenientes da Galiza. Entre 1978 e 1982, na Europa, vários episódios de intoxicação por moluscos bivalves foram reportados. O caso mais drástico ocorreu em 1981, afetando cerca de cinco mil pessoas, mas a partir deste acontecimento até 1986 nenhum caso foi mencionado. Neste ano, foram diagnosticados sintomas caraterísticos em dezassete pessoas que ingeriram mexilhões.[6]

Em 1993 e 1994 ocorreram nove casos, atingindo vinte e sete pessoas, causando a morte a uma delas. Em 1995 outros três casos atingiram sessenta e uma pessoas, sendo todos eles causados por PSP. [6]

 

- Distribuição mundial de PSP, entre 1970 e 2006 - 

 

Antes de 1970, a proliferação da alga do género Alexandrium era registada apenas nas águas da Europa, América do Norte e Japão. Já a partir de 1990, este fenómeno passou também a fazer parte das águas do Hemisfério Sul.

Na figura 1 é possível observar o aumento global da distribuição do envenenamento paralisante por marisco no ano de 1970 e de 2006.[5]

 

Atualmente, o interesse na identificação das espécies de algas dinoflageladas potencialmente nocivas (principalmente do género Alexandrium) tornou-se num objetivo mundial devido à morte de vários peixes, intoxicações pelo consumo de frutos do mar contaminados e ao aumento da proliferação de algas lesivas. Tais factos podem ter como explicação a dispersão das algas por correntes, tempestades e águas de lastro de embarcações, o aumento da concentração de nutrientes nas águas costeiras devido à atividade humana e o aumento da aquicultura e mudanças climatéricas. [5]   

Figura 1: Distribuição de PSP entre nos anos de 1970 e 2006 [5]

© 2014 por Ana Carolina Vasconcelos, Ana Luísa Vieira e Joana Couto

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